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sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Neruda




"(...) Quero estar na morte com os pobres que não tiveram tempo para estudá-la (...)"
Pablo Neruda


terça-feira, 28 de outubro de 2008

A Paz é o caminho!



"Não existe um caminho para a Paz! A Paz é o caminho!"


Mahatma Gandhi


segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Os Miseráveis

" (...) Vi os miseráveis, uns empilhados
por cima dos outros, do sofrimento dos seus irmãos,
as ruas semelhantes a rios de aflição,
as pequenas aldeias esmagadas
entre as espessas unhas de flores,
e andei na multidão, sentinela
do tempo, abrindo enegrecidas
cicatrizes, lutas de escravos.
Entrei nos templos, os seus degraus
são feitos de estuque e pedrarias, de sangue e morte sujos, (...)"

Excerto do Poema "Longe Daqui" de Pablo Neruda, in Canto Geral



Quadro "Os miseráveis" de Adalberto Lutkemeyer Pintura a Oléo

domingo, 26 de outubro de 2008

Incendiando o céu













"Oh tu, mais doce, mais interminável
que a doçura, namorada carnal
no meio das sombras: tu surges
de outros dias, enchendo de pesado pólen
a tua taça de delicia.

Duma noite cheia
de ultrajes, duma noite como o vinho
desvairado, duma noite de púrpura oxidada,
desabei sobre ti como uma torre ferida,
e entre os pobres lençóis a tua estrela
palpitou contra mim, incendiando o céu. (...)"

Excerto do poema "A estudante" de Pablo Neruda

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

"Poeta castrado não!"













"Serei tudo o que disserem
por inveja ou negação:
cabeçudo dromedário
fogueira de exibição
teorema corolário
poema de mão em mão
lãzudo publicitário
malabarista cabrão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!

Os que entendem como eu
as linhas com que me escrevo
reconhecem o que é meu
em tudo quanto lhes devo:
ternura como já disse
sempre que faço um poema;
saudade que se partisse
me alagaria de pena;
e também uma alegria
uma coragem serena
em renegar a poesia
quando ela nos envenena.

Os que entendem como eu
a força que tem um verso
reconhecem o que é seu
quando lhes mostro o reverso:

Da fome já não se fala
- é tão vulgar que nos cansa -
mas que dizer de uma bala
num esqueleto de criança?

Do frio não reza a história
- a morte é branda e letal -
mas que dizer da memória
de uma bomba de napalm?

E o resto que pode ser
o poema dia a dia?
- Um bisturi a crescer
nas coxas de uma judia;
um filho que vai nascer
parido por asfixia?!
- Ah não me venham dizer
que é fonética a poesia!

Serei tudo o que disserem
por temor ou negação:
Demagogo mau profeta
falso médico ladrão
prostituta proxeneta
espoleta televisão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!"

Poema de José Carlos Ary dos Santos

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

"Morre lentamente"

"Morre lentamente quem não viaja, quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajectos,
quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor
ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.

Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco
e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.

Morre lentamente quem abandona um projecto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples fato de respirar.
Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio de felicidade."

Pablo Neruda.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

"As Balas"









"Dá o Outono as uvas e o vinho
dos olivais azeite nos é dado
dá a cama e a mesa o verde pinho
as balas deram sangue derramado

Dá a chuva o inverno criador
às sementes dá sulcos o arado
no lar a lenha em chama dá calor
as balas deram sangue derramado

Dá a primavera o campo colorido
glória e coroa do mundo renovado
aos corações dá o amor renascido
as balas deram sangue derramado

Dá o sol as searas pelo verão
o fermento no trigo amassado
no esbraseado forno cresce o pão
as balas deram sangue derramado

Dá cada dia ao homem novo alento
de conquistar o bem que lhe é negado
dá a conquista um puro sentimento
as balas deram sangue derramado

De meditar concluir ir e fazer
dá sobre o mundo o homem atirado
à paz de um mundo novo de viver
as balas deram sangue derramado

Dá a certeza o querer e o construir
o que tanto nos negou o ódio armado
que a vida construir é destruir
balas que deram sangue derramado

Essas balas deram sangue derramado
só roubo e fome e o sangue derramado
só ruína e peste e o sangue derramado
só crime e morte e o sangue derramado"

Manuel da Fonseca / Adriano Correia de Oliveira

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Belmiro de Azevedo e o sabonete de ouro

Belmiro de Azevedo, o homem mais rico em dinheiro de Portugal é também o mais pobre de espírito do País.
Isto a propósito de uma decisão de um tribunal deste País.
O Modelo/Continente tinha apresentado queixa-crime contra um trabalhador por este no momento em que foi à casa de banho ter verificado que não havia sabonete para lavar as mãos e ter-se dirigido à prateleira do Hipermercado e tirado um sabonete para por na casa de banho do próprio Hipermercado. A empresa decidiu acusá-lo de roubo. O Ministério Público decidiu arquivar o caso por falta de motivos para a acusação.
Mas não posso deixar de ficar preocupado com a situação do Modelo/Continente e do Sr. Belmiro. E penso: Será que ele deixou de almoçar por causa do prejuízo do sabonete?... Ele talvez não!... Mas os seus trabalhadores... esses, sim, deixam de comer muitas vezes devido aos salários de miséria que o Sr. Belmiro lhes paga!!!
Dá vontade de dizer ao Sr. Belmiro: Meta o sabonete no cú!!!