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sexta-feira, 30 de outubro de 2009

"Chuva"

"As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir

Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir

São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder

Há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer

A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera

Ai... meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob chuva
há instantes morrera

A chuva ouviu e calou
meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade"

Mariza

PS: Aos 2 minutos e 40 segundos imitação do teu olhar!


quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Francisco Van Zeller e os seus vómitos sobre o Salário Mínimo Nacional

Francisco Van Zeller, o Presidente da CIP, patrão dos patrões, continua como sempre a justificar em nome de todas as crises e de todos os bens maiores da economia, (a dele, obviamente), a necessidade (dele e dos restantes patrões) de não aumentar o salário mínimo! Nada de novo! A novidade talvez seja não o que vanzeller quer, mas a forma como o afirma!!!
Ontem à saída do palácio de São bento onde foi recebido por José Sócrates, o Sr. Van Zeller disse que temos de escolher entre aumentos dos salários ou o desemprego. Esta frase é a habitual em Van Zeller a chantagem que é o único método que esta pessoa sabe usar!
Mas Van Zeller o patrão preocupado diz mais: " não são os 25 euro de aumento que resolvem as situações de miséria dos trabalhadores que recebem o salário mínimo" - Cá está a nova maravilhosa teoria e argumentação do Sr. Van Zeller: como 25€ não chega para resolver os problemas de miséria dos trabalhadores, então não se dá aumento! Resolve-se os problemas de ganância de tio patinhas de Van Zeller e os seus acólitos!
Mas como não chegava o que disse ainda acrescentou que se fosse ele a ter o salário mínimo "não pediria só 25 euro de aumento porque 25 euro não é nada, pediria muito mais". Não disse mas pensou: "como não sou trabalhador e sou patrão estou-me borrifando e nem o nada de 25 euro lhes dou de aumento!
Francisco Van Zeller é assim! Um ser repugnante que passa os dias a vomitar opulência e desprezo pelas dificulades daqueles a quem ele explora até ao tutano para poder continuar a vomitar opulência e em cada vez maiores quantidades.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Não me deixo pregar na cruz


"(...) eu luto com todas as armas ao meu alcance pelas coisas em que acredito e tento derrubar o outro em vez de me deixar pregar numa cruz ou em qualquer outro lugar(...)"

Che Guevara

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

"Eu gostaria de saber pintar" 2


Pintura de óleo sobre a madeira dos projectos "Eu Gostaria de saber pintar" - Projecto 2 - de Álvaro Cunhal

sábado, 24 de outubro de 2009

"Aquele Inverno"

"Há sempre um piano
um piano selvagem
que nos gela o coração
e nos trás a imagem
daquele inverno
naquele inferno

Há sempre a lembrança
de um olhar a sangrar
de um soldado perdido
em terras do Ultramar
por obrigação
aquela missão

Combater na selva sem saber porquê
e sentir o inferno a matar alguém
e quem regressou
guarda sensação
que lutou numa guerra sem razão...
sem razão... sem razão...

Há sempre a palavra
a palavra "nação"
os chefes trazem e usam
p'ra esconder a razão
da sua vontade
aquela verdade

E para eles aquele inverno
será sempre o mesmo inferno
que ninguém poderá esquecer
ter que matar ou morrer
ao sabor do vento
naquele tormento

Perguntei ao céu: será sempre assim?
poderá o inferno nunca ter um fim?
não sei responder
só talvez lembrar
o que alguém que voltou a veio contar... recordar...
recordar...
Aquele Inverno"

Delfins


sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Pedro Lomba - O Petulante anti-comunista!

Pedro Lomba decidiu discorrer, num dos seus artigos no jornal I em que tenta demonstrar a sua “grande inteligência”, sobre a deputada do PCP Rita Rato e uma entrevista desta ao Correio da Manhã.
Sobre as bafientas tentativas de equiparar o Comunismo ao Fascismo e de atribuir ao PCP práticas realizadas por outros, das quais Lomba apesar do cheiro bafiento não se cansa, não vale a pena responder.
Mas merece-me umas considerações o artigo:
Pedro Lomba diz “A primeira reacção que muitos de nós cedemos(...) é achar que podemos travar um debate contra estas pessoas. Ilusão. Não podemos debater contra preconceitos” Mais à frente considera “... do ponto de vista que mais nos interessa: assegurar que numa democracia as opiniões estúpidas e extremistas, existindo, nunca deixem de ser minoritárias”
Ou seja Pedro Lomba que se deve considerar inteligente o suficiente para definir o que são opiniões estúpidas diz não ser possível debater com essas opiniões estúpidas, o que me leva a perguntar então para que lhe serve toda a sua inteligência, se nem com opiniões estúpidas consegue debater?
Outra pergunta que se me fica é se adjectivar as opiniões de outros com os adjectivos estúpido e extremista sem outros argumentos não é aquilo que fazem os dogmáticos e preconceituosos?
A última pergunta que me assalta é como Pedro Lomba quer “assegurar que numa democracia as opiniões estúpidas e extremistas, existindo, nunca deixem de ser minoritárias”? Pelo debate não é porque apesar da sua inteligência considera que não é possível debater “contra essas pessoas” que têm “opiniões estúpidas e extremistas” então como irá assegurar?
Para terminar dizer que tal como Pedro Lomba considera que “precisamos de Rita Rato para expressar o que sabemos ser falso”, eu considero que precisamos de Pedro Lomba para ensinar mais facilmente aos nossos filhos como não serem petulantes, arrogantes e convencidos de que são as únicas cabeças com inteligência no mundo. Se Pedro Lomba não existisse teríamos de usar vários argumentos para os ensinar, como Pedro Lomba existe basta dizer aos nossos filhos: Filho nunca sejas como o Pedro Lomba!

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Adão e Eva - a irritação de deus

"Quando o senhor, também conhecido como deus, se apercebeu de que a adão e eva, perfeitos em tudo o que apresentavam à vista, não lhes saía uma palavra da boca nem emitiam ao menos um simples som primário que fosse, teve de ficar irritado consigo mesmo, uma vez que não havia mais ninguém no jardim do éden a quem pudesse responsabilizar pela gravíssima falta, quando os outros animais, produtos, todos eles, tal como os dois humanos, do faça-se divino, uns por meio de mugidos e rugidos, outros por roncos, chilreios, assobios e cacarejos, desfrutavam já de voz própria. Num acesso de ira, surpreendente em quem tudo poderia ter solucionado com outro rápido , correu para o casal e, um após outro, sem contemplações, sem meias-medidas, enfiou-lhes a língua pela garganta abaixo(...)"

Excerto de "Caim" de José Saramago

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Cantadora nua

"(...) Acabei a minha sessão de canto, estou triste, flor depois das pétalas. Reponho sobre meu corpo suado o vestido de que me tinha libertado. Canto sempre por causa disso: sempre me dispo quando canto. Estranha-se? Eu pergunto: a gente não se despe para amar? Porquê não ficar nua para outros amores? A canção é só isso: um amor que se consome em chama entre o instante da voz e a eternidade do silêncio.
Outros cantadores, quando actuam em público, se trajam de enfeites e reluzências. Mas, em meu caso, cantar é coisa tão maior que me entrego assim, pequenitinha, destamanhada. Dessa maneira, menos que mínima, me torno sombra, desenhável segundo tonalidades da música.
Cantar, dizem, é um afastamento da morte. A voz suspende o passo da morte e, em volta, tudo se torna pegada da vida. dizem mas, para mim, a voz serve-me para outras finalidades: cantando eu convoco um certo homem. Era um apanhador de pérolas, vasculhador de maresias. Esse homem acendeu a minha vida e ainda hoje eu sigo por iluminação desse sentimento. O amor, agora sei, é a terra e o mar se inundando mutuamente.(...)"

Excerto de "Na berma de nenhuma estrada" de Mia Couto

domingo, 18 de outubro de 2009

« Eu gostaria de saber pintar» 1


Pintura de óleo sobre madeira dos projectos «Eu gostaria de saber pintar» de Álvaro Cunhal - Projecto 1

sábado, 17 de outubro de 2009

Um dia mais, um dia menos...

"(...) Nesse dia, como todos os dias, semana após semana, mês após mês, ano após ano, a vida decorreu no ritual de sempre.
O silêncio da noite cotado pelos apitos da alvorada e o súbito expandir do barulho da movimentação geral da cadeia. O ruidoso e cadenciado abrir (umas atrás das outras) das fechaduras e ferrolhos das celas. O bater de tairocas dos faxinas circulando com os baldes dos despejos. O baque metálico dos baldes ao serem atirados para o chão de cimento. O fedor espalhando-se nas alas logo misturado e coberto pelo da creolina. Novos apitos, formatura, conto. A distribuição do café e do casqueiro. O deslocar em cortejo para as oficinas. De novo ferrolhos e fechaduras, agora com novo bater das portas e o isolar dos reclusos nas celas. Depois o amortecer dos ruídos e o alastrar do vazio da imensidão das alas, cortado apenas pelo bater desencontrado das tairocas e tamancos dos faxinas e o barulho de marteladas, da serra e de máquinas vindo das oficinas(...)"

Excerto de "A Estrela de Seis Pontas" de Manuel Tiago, Pseudónimo literário de Álvaro Cunhal

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Não sou moderado


"(...) Não só não sou moderado como também tentarei nunca o ser(...). Um profundo erro (...) é o de acreditar que da moderação ou do «moderado Egoísmo» é que saem invenções grandiosas ou obras-primas da arte. Para toda a grande obra é preciso paixão, e para a Revolução precisa-se de paixão e audácia em grandes doses, coisas que os homens têm quando formam um conjunto. (...)"

Excerto de uma carta que Che Guevara escreveu à sua mãe em 15 de Julho de 1956.