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sábado, 28 de fevereiro de 2009

O apertar do cinto de alguns...





















José António Fonseca

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

"Intervalo"

"Vida em câmara lenta,
Oito ou oitenta,
Sinto que vou emergir,
Já sei de cor todas as canções de amor,
Para a conquista partir.

Diz que tenho sal,
Não me deixes mal,
Não me deixes

No livro que eu não li,
No filme que eu não vi,
Na foto onde eu não entrei,
Noticia do jornal
O quadro minimal
Sou eu

Vida à média rés,
Levanta os pés
Não vás em futebois, apesar
Do intervalo, que é quando eu falo,
Para não me incomodar.

Diz que tenho sal,
Não me deixes mal,
Não me deixes

No livro que eu não li,
No filme que eu não vi,
Na foto onde eu não entrei,
Noticia do jornal
O quadro minimal
Sou eu

Não me deixes na
Historia que não terminou
Não me deixes

No livro que eu não li,
No filme que eu não vi,
Na foto onde eu não entrei,
Noticia do jornal
O quadro minimal
Sou eu

No livro que eu não li,
No filme que eu não vi,
Na foto onde eu não entrei,
Noticia do jornal
O quadro minimal
Sou eu"

Per7ume com participação de Rui Veloso


quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Lisboa serena

" (...) Lisboa, pálida, espraiada, começou então a nascer do mar, do Tejo e das colinas, numa sugestão de harmonia que se opunha à imagem de pujança das cidades que trazia na retina. Havia qualquer coisa de definitivo no seu perfil cansado. O rio que lhe corria aos pés também não lembrava o Paraíba aos saltos. Envelhecera certamente da velhice dos rios, que o professor de geografia, no Ginásio, tantas vezes nos explicara. Mas era justamente de uma serenidade assim que eu precisava, ressabiado como vinha de violências de toda a ordem, ainda há pouco, já quase no fim da viagem, renovadas a bordo. (...)"

Excerto do Livro "A Criação do Mundo II" de Miguel Torga

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Totalitários da época moderna

Recentes casos de limitações impostas à liberdade de expressão, entendidos por alguns como atitudes patéticas, estão longe de o serem e inserem-se num plano claro de impôr limitações às liberdades individuais dos cidadãos, numa altura em que a crise deixa claro a falência do sistema capitalista os mesmos que o dominam tentam sobreviver mesmo que para isso tenham de impedir as liberdades!
Alguns dos exemplos recentes são:
A apreensão abusiva e prepotente de alguns livros numa feira do livro em Braga por agentes da PSP por estes terem na capa um fotografia de um quadro de um pintor que pintou uma mulher nua.
A condenação em tribunal de dois jovens da JCP, em Viseu, por estes terem pintado um mural. (O grave crime de expressarem a sua opinião??????)
O Ministério Público de Torres Vedras decide proibir o uso duma fotografia numa sátira, de carnaval, ao computador Magalhães do Sócrates por esta ser "pornografica" e no dia seguinte emenda a mão e decide desproibir... (Seria patético se não fosse grave)
O Julgamento em Braga (de novo???) de dirigentes sindicais por serem acusados de organizar uma manifestação (Ilegal????), de contestação ao Primeiro Ministro José Sócrates, (tenho de rever o meu conceito de democracia... uma democracia em que a liberdade de manifestação está sujeita a legalização?????? os direitos democráticos são legalizáveis ou ilegalizáveis????? )
Dirigentes Sindicais no Porto são constituídos arguidos por organizarem um piquete de greve e impedirem a circulação de comboios que violavam as normas de segurança. (Fazer piquetes de Greve será crime??? ou será que é crime exigir o cumprir das regras de segurança na circulação de comboios????)
Um Dirigente Sindical dos Correios é constituído arguido por organizar uma manifestação ilegal (de novo?? tenho mesmo que rever o conceito de democracia)

Estes casos todos não são meras arbitrariedades mais ou menos incompetentes de um ou outro Juiz, Polícia ou Magistrado. Estes casos são resultado dum clima que tem sido criado nos últimos anos que tem o objectivo claro de limitar a liberdade dos cidadãos e que parte do próprio Governo do País alimentado e fomentado por quem detém o poder económico!
A tese que alguns lançam de que deve haver regras na expressão da liberdade e que para haver liberdade tem de haver segurança é em si mesmo uma tese anti-democrática e totalitária típica de quem só aceita a democracia se ela lhe permitir mandar e dominar! Mas estes e os seus objectivos serão derrotados como sempre o foram na História da humanidade... aquela História que é feita pelos povos!

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Distribuição Injusta
















Desenho de Elena Pini

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

"Espalhem a notícia"

"Espalhem a notícia
do mistério da delícia
desse ventre
Espalhem a notícia
de que é quente
e se parece
com o que é firme
e com o que é vago
esse ventre que eu afago
que eu bebia de um só trago
se pudesse

Divulguem o encanto
o ventre de que canto
que hoje toco
a pele onde à tardinha desemboco
tão cansado
esse ventre vagabundo
que foi rente e foi fecundo
que eu bebia até ao fundo
saciado

Eu fui ao fim do mundo
eu vou ao fundo de mim
vou ao fundo do mar
vou ao fundo do mar
no corpo de uma mulher
vou ao fundo do mar
no corpo de uma mulher bonita

A terra tremeu ontem
não mais do que anteontem
pressenti-o
O ventre de que falo como um rio
transbordou
e o tremor que anunciava
era fogo e era lava
era a terra que abalava
no que sou

Depois de entre os escombros
ergueram-se dois ombros
num murmúrio
e o sol, como é costume, foi um augúrio
de bonança
sãos e salvos, felizmente
e como o riso vem ao ventre
assim veio de repente
uma criança

Eu fui ao fim do mundo
eu vou ao fundo de mim
vou ao fundo do mar
vou ao fundo do mar
no corpo de uma mulher
vou ao fundo do mar
no corpo de uma mulher bonita

Falei-vos desse ventre
quem quiser que acrescente
da sua lavra
que a bom entendedor meia palavra
basta, é só
adivinhar o que há mais
os segredos dos locais
que no fundo são iguais
em todos nós

Eu fui ao fim do mundo
eu vou ao fundo do mim
vou ao fundo do mar
vou ao fundo do mar
no corpo de uma mulher
vou ao fundo do mar
no corpo de uma mulher bonita"

Sérgio Godinho

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

As Feras raivosas

A falta de vergonha está instalada no Governo do País!

O próprio Governo é o promotor e instigador de todo o tipo de atropelos à lei, com o objectivo de fazer o favor aos grandes que temem não ver as suas desmesuradas fortunas aumentadas exponencialmente face à crise que eles próprios geraram! Vai daí e o governo concede milhões e milhões a bancos e grandes empresas, cala-se e fecha os olhos a dezenas de falências mais ou menos fraudulentas, a milhares de desempregados tratados como peças que se podem jogar fora!

Não chegava esta bajulação do Governo às nojentas acumulações de riqueza desproporcionada, e vem o Ministro do Trabalho dar o mote do ataque aos trabalhadores, aos que já quase nada têm, isto para festejo do Patronato ganancioso que em orgia celebra a entrada em vigor de um Código de Trabalho feito à medida dos seus interesses de ganância desmedida! Assim o Sr. Ministro decidiu publicar a caducidade do AE dos CTT! Curiosamente dias depois de a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) ter enviado para o Departamento de Acção e Investigação Penal (DIAP) a denúncia de prática de crime por parte da Administração dos CTT por esta levar os trabalhadores a aderir individualmente a um contrato negociado com uns quantos sindicatos fantoches!

E o Governo e o Sr. Ministro babando espuma de raiva, por os milhares de trabalhadores dos CTT continuarem a resistir às pressões e chantagens de terrorismo psicológico para assinarem o AE dos Sindicatos Fantoches, deixam cair a máscara e mostram que afinal a acção ilegal, “terrorista” e da pratica de crime (segundo a ACT) foi realizada pela administração dos CTT com o aval, a orientação e a conivência do Governo e do Sr. Ministro. Mas esta raiva apenas é o sinal da derrota do Governo e das suas intenções de destruir a resistência destes trabalhadores! Os trabalhadores dos CTT deram ao Governo e ao patronato ganancioso mais uma derrota!

O que fará a seguir o Sr. Ministro e o Governo? Lá diz o poeta : “(... ) eram mais camaleões que a lombriga que se amanha com os próprios cagalhões.(...)

sábado, 14 de fevereiro de 2009

"Bandolins"

"Como fosse um par que
Nessa valsa triste
Se desenvolvesse
Ao som dos Bandolins...

E como não?
E por que não dizer
Que o mundo respirava mais
Se ela apertava assim...

Seu colo como
Se não fosse um tempo
Em que já fosse impróprio
Se dançar assim
Ela teimou e enfrentou
O mundo
Se rodopiando ao som
Dos bandolins...

Como fosse um lar
Seu corpo a valsa triste
Iluminava e a noite
Caminhava assim
E como um par
O vento e a madrugada
Iluminavam a fada
Do meu botequim...

Valsando como valsa
Uma criança
Que entra na roda
A noite tá no fim
Ela valsando
Só na madrugada
Se julgando amada
Ao som dos Bandolins..."

Oswaldo Montenegro

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Esfarrapados

"(...) A terra era a grande obsessão de todos. Dividiam-na como os soldados romanos a túnica de Cristo, à dentada, se fosse preciso. De cada jeira tiravam as migalhas estritas para viver. E, a troco desse magro pão, davam a própria alma. Sujos, esfarrapados, embrutecidos, em vez de seres humanos, pareciam estrume movediço à procura da cova. Tinham mais higiene na cama do gado do que na deles. Quando a caravana, vestida de seda e de linho, entrou no nosso cardenho, é que vi bem a miséria em que fora criado (...)"

Excerto de A criação do Mundo II, de Miguel Torga

Foto Sebastião Salgado

domingo, 8 de fevereiro de 2009

A distribuição...














Desenho de Bernard Ferreira