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quinta-feira, 11 de março de 2010

A Colombia, o regime assassino de Uribe e a conivência das Multinacionais

A Colômbia é um país onde continuamente se praticam grosseiras violações dos direitos humanos com a conivência dos países ocidentais e de empresas multinacionais sedentas de sugar até ao tutano os povos para acumularem lucros.
Todos os que critiquem, reivindiquem, se oponham ao regime fascista do Governo de Uribe, e às suas milícias para-militares constituídas por bandos de criminosos e assassinos profissionais, milícias essas muitas vezes ao serviço de empresas multinacionais, correm o risco de serem mortos. Sejam membros de partidos, sindicalistas ou simples cidadãos descontentes são alvos a abater seja com a conivência e silêncio dos Governos dos países ocidentais em especial dos EUA e das multinacionais, seja com a participação dissimulada, mas activa, das mesmas multinacionais.
Ainda assim, existe quem vença o medo, muitos deles acabando por pagar com a vida por essa coragem.
Aqui fica apenas o caso dos sindicalistas colombianos mortos no Ano de 2009, com a data e os sindicatos a que pertenciam.
No dia 1 de Janeiro de 2009 é morto Tique Adolfo em Prado - Tolima, do Sintragritol,
dia 7 de Janeiro de 2009 é morto Rasedo Guerra Diego Ricardo em Sabana de Torres - Santander, do Fensuagro,
16 de Janeiro de 2009 é morto Samboni Guaca Arled em Argelia-Cauca, do Fensuagro,
a 28 de Janeiro de 2009 é morto Mejía Leovigildo em Sabana de Torres - Santander, também do Fensuagro,
a 12 de Fevereiro é morto Arango Crespo Luis Alberto em Barrancabermeja - Santander, do Asopesam
a 15 de Fevereiro Ramírez Ramírez Guillermo Antonio é morto em Belén de Umbria - Risaralda, do Ser
a 24 de Março são mortos Amado Castillo Jose Alejandro e Pinto Gómez Alexander, em Girón - Santander, do Aseinpec; Cuadros Roballo Ramiro em Tuluá - Valle, do Sutev,
a 27 de Março é morto Carreño Armando em Arauquita - Arauca do Uso;
a 4 de Abril é morto Polo Barrera Hernán em Montería - Cordoba, do Sintrenal
a 16 de Abril é morto Aguirre Aguirre Frank Mauricio em Itagüí - Antioquia, do Asempi
a 22 de Abril são mortos Franco Franco Víctor em Villamaría - Caldas, do Educal e Martínez Edgar em San Pablo - Bolívar, do Fedeagromisbol
a 24 de Abril é morto Blanco Leguizamón Milton em Tame - Arauca, do Asedar
a 9 de Maio são mortos Cárcamo Blanco Vilma em Magangue - Bolívar, do Anthoc e Julio Ramos Rigoberto em Moñitos - Córdoba, do Ademacor.
a 15 de Maio é morto Cárdenas Hebert Sony em Barrancabermeja - Santander, da Fesamin
a 9 de Junho é morto Rodríguez Garavito Pablo em Puerto Rondón - Arauca, da Asedar
a 11 de Junho é morto Echeverri Garro Jorge Humberto em Puerto Rondón - Arauca, da Asedar
a 29 de Junho é morto Sepúlveda Lara Rafael Antonio em Cúcuta - Norte de Santander, da Anthoc
a 25 de Julho é morto González Herrera Herber em Sabana de Torres - Santander, da Fensuagro
a 11 de Agosto é morto Cobo Diego em San Andrés de Sotaviento - Córdoba, da Ademacor
a 21 de Agosto é morto Gómez Gustavo em Dos Quebradas - Risaralda, da Sinaltrainal (Sindicato que tem denunciado a prática da empresa Coca-Cola sobre despedimentos em massa para contratar trabalhadores com vinculo precário de forma a fugir ao pagamento à segurança social)
a 22 de Agosto é morto Díaz Ortíz Fredy em Valledupar - Cesár, da Aseinpec
a 23 de Agosto é morto Carrasquilla Abel em Sabana de Torres - Santander, Asogras
a 11 de Setembro é morto Suárez Suescún Oscar Eduardo em Cúcuta - Norte de Santander, da Asinort
a 9 de Outubro é morto Rojas Zuly em Saravena-Arauca, da Sindess
a 17 de Outubro é morto Llorente Meléndez Honorio em Puerto Wilches - Santander, da Sintrainagro (Sindicato que tem lutado por aumentos salariais que as multinacionais de produção de banana não querem pagar)
a 27 de Outubro é morto Cantero Ceballos Rafael Antonio em Lorica - Córdoba, da Ademacor
a 29 de Outubro é morto Montes Palencia Ramiro Israel em Montelíbano - Córdoba, da Ademacor
a 1 de Novembro são mortos Sánchez Fabio e Suárez Paulo em Saravena - Arauca, da Fensuagro
a 5 de Novembro é morto Medina Díaz Raúl em Arauquita - Arauca, da Fensuagro
a 12 de Novembro é morto Herrera Apolinar em Arauquita - Arauca, da Fensuagro
a 13 de Novembro é morto Cortés López Zoraida em Pereira - Risaralda, da Ser
a 27 de Novembro é morto Jaimes Pabón Alberto em Saravena - Arauca, da Fensuagro

Esta é prática assassina do regime fascista de Uribe ao serviço das multinacionais.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Uma burguesia politicamente corrupta

"(...)Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País.
A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.
Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar. (...)"

Texto de Guerra Junqueiro em 1896 - Poderia ter sido escrito hoje com alguns ligeiros retoques e espelharia a realidade.

terça-feira, 9 de março de 2010

Entre o tiro e o despedimento

"(...)De súbito, o som do apito reboou na encosta, e os caboqueiros distanciaram-se do local em que o capataz pegava lume ao rastilho. As explosões abalaram o morro todo. Mole de rochas e terras subiu em leque e abateu com fragor. Algumas pedras sibilaram como balas rentes ao pessoal. E o estrondo repercutiu-se sobre a aldeia, enquanto leves nuvens de poeira e fumo pairavam no ar.
Os homens iam a sair dos abrigos improvisados, com pressa de acabarem as tarefas, quando o encarregado berrou:
- Falta um tiro! Inda não apitei!
Acharam-se outra vez atrás da penedia. Passaram-se minutos.
- Alors? - Interrogou Henri.
- Então? - repetiu Amaro ao capataz.
Este encolheu os ombros, arreliado.
- Às vezes fica assim a moer; mas safa-se.
- Você tem a certeza de que o rastilho estava acesso? E chegou-lhe bem a mecha?
- Sim, senhor. Ficou a arder.
Fez-se silêncio. Outros minutos decorreram, expectantes, até que Henri verificou o cronómetro.
- Basta de esperar - disse em francês. - O capataz que dê o sinal.
O empregado ergue-se e ordenou:
- Apite, que já se pode trabalhar.
- Ai isso é que não apito, senhor Amaro. Peço desculpa...
- Quem manda aqui? É você?!
- Eu não, é claro. mas acho que inda há perigo.
- Que diz ele? - Inquiriu Henri.
- Não apita. Está com medo.
Henri praguejou. Hirto, o capataz fitava os chefes, como condenado à espera da sentença. Aproximaram-se operários, preocupados com o desfecho da questão, o qual veio num gesto violento do engenheiro, que Amaro concretizou:
- Ou apita, ou vai-se embora.
- Vou-me embora - respondeu com voz firme o capataz. Entregou o apito e acrescentou:
- Se acontecer algum mal, a responsabilidade é sua.
- Dê o sinal - ordenou Henri.
Frouxo e trémulo, o assobio chegou aos ouvidos da malta; mas ninguém se mexeu. Outro sinal, agora vibrante, ecoou nas rochas inutilmente. Então Henri perdeu a calma, atirou impropérios à cara dos homens, que, todavia, permaneceram de olhos baixos e teimosos.
- Repita-lhes o que eu disse! - gritou ao empregado. - E que são todos despedidos. Todos.
- O senhor Henri diz que vocês são uns porcos, uns cobardes, e que manda todos embora.
Como que encurralados (de um lado, o tiro, do outro o despedimento), o pessoal agitou-se. De algumas bocas saíram queixas e protestos imperceptíveis:
- Há algum direito?...
- O Fariseu, se cá estivesse, é que sabia responder-lhe.
A ameaça atarantava-os. Anteviam-se despedidos, sem terras, sem trabalho, e a viverem das economias, como se comessem as próprias entranhas. Sentiram-se pois aliviados quando Robalo propôs:
- Eu não me importo de ir apalpar o furo. Se o patrão quiser...
Reflectira antes de falar. «Arriscado, era. Mas o capataz fora-se embora e alguém o substituiria. Portanto, ou agora... ou nunca.» Sem esperar pela resposta, galgou a primeira banqueta. De longe, ouviu-se a voz agoirenta do capataz.
- Não vás, Robalo! Não vás!
Um calafrio arrepiou os caboqueiros. Fez-se maior silêncio. Todos tremeram pelo companheiro que escalava o morro, em cujo cimo o moinho grande, parado, abria as lanças em cruz. Pingos de chuva caíram, e ninguém os sentiu. Mais fria que a chuva, a voz distante do capataz arrepiava o pessoal e retardava os paços de Robalo.
- Não vás... Não vás...
Vencida, a voz perdeu-se no silêncio e na humidade cinzenta do firmamento. Robalo, subindo sempre, desaparecia atrás dos pedregulhos, surgia mais acima. Os pés, pouco firmes, resvalavam-lhe na lama, e uma pedra, que rolou, fê-lo estacar. Limpou da cara camarinhas de suor frio. «Voltar para baixo seria uma vergonha. Estava quase no fim...»
De súbito, estatelou-se de braços no ar e rolou pela barreira abaixo, entra avalancha de terras e pedregulhos. Por breves segundos sentiu uma dor aguda, que não soube localizar; depois, toldou-se-lhe tudo em redor, ficou inconsciente.(...)"

Excerto de "Engrenagem" de Soeiro Pereira Gomes

sábado, 6 de março de 2010

"Cada vez somos mais" - nos 89 anos do PCP

"Pela espora da opressão
pela carne maltratada
mantendo no coração
a esperança conquistada.


Por tanta sede de pão
que a água ficou vidrada
nos nossos olhos que estão
virados à madrugada.

Por sermos nós o Partido
Comunista e Português
por isso é que faz sentido
sermos mais de cada vez.

Por estarmos sempre onde está
o povo trabalhador
pela diferença que há
entre o ódio e o amor.

Pela certeza que dá
o ferro que malha a dor
pelo aço da palavra
fúria fogo força flor
por este arado que lavra
um campo muito maior.

Por sermos nós a cantar
e a lutar em português
é que podemos gritar:
Somos mais de cada vez.

Por nós trazermos a boca
colada aos lábios do trigo
e por nunca acharmos pouca
a grande palavra amigo
é que a coragem nos toca
mesmo no auge do perigo
até que a voz fique rouca
e destrua o inimigo.

Por sermos nós a diferença
que torna os homens iguais
é que não há quem nos vença
cada vez seremos mais.

Por sermos nós a entrega
a mão que aperta outra mão
a ternura que nos chega
para parir um irmão.

Por sermos nós quem renega
o horror da solidão
por sermos nós quem se apega
ao suor do nosso chão
por sermos nós quem não cega
e vê mais clara a razão
é que somos o Partido
Comunista e Português
aonde só faz sentido
sermos mais de cada vez.

Quantos somos? Como somos?
novos e velhos: iguais.

Sendo o que nós sempre fomos
cada vez seremos mais!"

Ary dos Santos