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quarta-feira, 20 de maio de 2009

"Calero, Trabalhador dos Bananais (Costa Rica, 1940)"


"Não te conheço. Li a tua vida nas páginas de Fallas,
gigante obscuro, menino ferido, esfarrapado e errante.

Daquelas páginas voam o teus riso e as tuas canções
no meio das bananeiras, na lama sombria, a chuva e o suor.
Que vida a dos nossos, que alegrias ceifadas,
que forças destruídas pela comida ignóbil,
que cantos derrubados pela casa esburacada,
que poderes humanos aniquilados pelo homem!

Mas havemos de mudar a terra. A tua sombra alegre não irá
de charco em charco até à morte nua.
Mudaremos, unindo as nossas mãos,
a noite que te cobre com a sua abóbada verde.

(As mãos dos mortos que tombaram,
com estas e outras mãos que constroem,
estão seladas, como as alturas andinas,
com a profundidade do seu ferro enterrado.)

Mudaremos a vida para que a tua linhagem
sobreviva e construa a sua luz organizada."

Poema de Pablo Neruda em "Canto Geral"

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