Passaram 35 anos da Revolução dos Cravos, Revolução que trouxe liberdade e derrubou o Fascismo, que permitiu transformar o sonho em realidade! Nas semanas, meses que se seguiram muitos passos se deram, como Chico Buarque disse na segunda versão de “Tanto Mar”: “... foi bonita a festa, pá!...”... E foi bonita! Uma semana depois perto de 1 milhão de pessoas comemorava o 1º de Maio, dia do trabalhador, em Liberdade. Nas semanas seguintes, constituíram-se sindicatos, comissões de moradores, colectividades, Associações, Grupos desportivos e culturais! Cantaram-se as músicas antes censuradas. Declamaram-se os poemas antes cortados pelo lápis azul! Constituíram-se os Partidos! O PCP até então na clandestinidade foi o primeiro a tornar-se legal! Ocuparam-se casas desocupadas para dar habitação a quem não a tinha ou vivia em barracas! Os Agricultores ocuparam terras até então improdutivas e votadas ao abandono por latifundiários gananciosos. Terras que foram germinadas! A dependência alimentar do País face ao estrangeiro diminuiu progressivamente! Nacionalizou-se a banca e os sectores chave da economia! Estabeleceu-se o salário mínimo nacional pela primeira vez! Atribuíram-se reformas aos reformados, pensionistas e idosos que até então não as tinham. Libertou-se os povos das colónias parando-se com a Guerra Colonial sangrenta que matou e estropiou milhares de Portugueses, Angolanos, Moçambicanos e Guineenses! Acabou-se com a censura!
Foi uma festa bonita!
Mas como Chico Buarque disse na segunda versão de “Tanto Mar”: “...já murcharam tua festa, pá!...” E, murcharam mesmo, passado um ano e alguns meses concretizou-se um contra golpe na revolução a 25 de Novembro!
E desde aí a ofensiva contra as conquistas de 25 de Abril não mais parou! Destruíu-se a agricultura, parte das terras servem hoje para capitalistas passearem aos fins de semana ou jogar golfe, a dependência alimentar de Portugal atingiu valores nunca antes atingidos! Privatizou-se os bancos para que os seus donos se envolvessem em negócios especulativos e pouco claros que já levou a uma crise sem precedentes no sistema financeiro, paga pelos impostos de quem trabalha!
Mas, 35 anos depois, pode-se dizer que parte das conquistas se mantêm! Salário mínimo, Reformas, liberdade de organização, Libertação dos povos das colónias! E como Buarque diz “... mas certamente esqueceram alguma semente nalgum canto de jardim...”. A semente da revolução de Abril irá germinar no caminho da História. História da libertação do homem de todas as formas de exploração e opressão. O Caminho da história que iremos percorrer como outros o percorreram no passado! Aqueles que fizeram Abril permitiram-me nascer mais à frente no caminho! O Caminho prosseguirá, muitos morrerão sem chegar ao fim dele, mas permitirão, certamente, às gerações vindouras nascer mais à frente no Caminho da História da Libertação do homem!
Caminhar pelos ideais de Abril e pela libertação do homem de todas as formas de exploração e opressão é o objectivo de “Há Sempre Alguém...”
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