"(...) Eis aqui a árvore, a árvore
cujas raízes estão vivas;
tirou salitre do martírio,
as suas raízes chuparam sangue,
extraiu lágrimas da terra;
ergueu-as pelas ramagens,
distribuiu-as pela sua arquitectura.
Foram às vezes flores
invisíveis, flores enterradas,
outras vezes acenderam
as suas pétalas, como planetas.
E o homem colheu nos ramos
as corolas endurecidas,
passou-as de mão em mão
como magnólias ou romãs
e, subitamente, abriram a terra,
cresceram até às estrelas.
Esta é a árvore dos seres livres.
A árvore terra, a árvore nuvem.
A árvore pão, a árvore flecha,
a árvore punho, a árvore fogo.
Afoga-a a água tempestuosa
da nossa época sombria,
mas o seu mastro faz balouçar
a roda do seu poder. (...)"
Excerto do Poema "Os Liberdadores" in "Canto Geral" de Pablo Neruda
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