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quinta-feira, 13 de junho de 2013

Penso na distância...

Penso na distância que me separa daqueles natais em que fazia uma grande festa por receber cuecas ou meias como presente apenas para tentar animar o ambiente...
Penso na distância que me separa daquele sermão que levei na primária sobre compromisso e casamento apenas por ter dado o meu primeiro beijo...
Penso na distância que me separa do primeiro amor platónico... e de todos os outros...
Penso na distância que me separa dos tempos em que passava as noites (semanas inteiras de seguida) a colocar pendões e a colar cartazes... e da noite em que levei um tiro de alguém que não gostava dos pendões...
Penso na distância que me separa do dia em que deixei de trabalhar no infantário e me despedi com os olhos cheios de lágrimas do David, do Ruben, da Ludmila, da Cátia, da Rita, do Carlos, e dos outros que agora não consigo lembrar o nome, também eles com os olhos cheios de lágrimas... e lembro-me de percorrer o caminho até ao autocarro e agradecer estar a chover...
Penso na distância que me separa de longas conversas com tantos amigos... e com a minha melhor amiga em especial... que mais tarde haveria de a tratar mal...
Penso na distância que me separa de um abraço apertado dado, sem necessidade de dizer uma palavra, por quem já cá não está, que recebi quando mais precisava... e lembro-me de ter prometido ir beber um café que nunca fui...
Penso na distância que me separa do dia em que com duas pistolas apontadas à cabeça fui obrigado durante 3 longas horas a conduzir às voltas entre o cacém e a amadora...
Penso na distância que me separa de tantas e tantas outras coisas vividas... Recordações com que vivo tranquilamente.
Mas depois penso na distância que me separa daquele dia em que a porta do elevador se abriu e aquela amostra de gente de 3 anos correu para mim para me abraçar... e recordo aqueles braços pequeninos e aquelas amostras de pernas e aquele sorriso verdadeiro e doce como só as crianças conseguem ter...
E penso na distância que me separa de jogos de bola... de idas ao shopping para brincar na piscina de bolas... de lhe pegar ao colo no zoo... das brincadeiras de luta e que murros que ele dá... e do sorriso... o sorriso... que sorriso...
E penso na distância de milhares de quilometros que me separam desse sorriso e de poder voltar a abraçar aquela amostra de gente que já não é tão amostra assim... e não sei quando voltarei a poder fazê-lo...
Esta distância... esta sim... perturba-me... em longas noites de insónias...



terça-feira, 11 de junho de 2013

Por vezes...

Por vezes achamos que temos todo o tempo do mundo para tudo... Por vezes adiamos uma conversa que precisamos fazer... Por vezes adiamos o cafézinho tantas vezes prometido... Por vezes adiamos o encontro... Por vezes deixamos o abraço que queremos dar para uma melhor oportunidade... Por vezes não dizemos o que queremos ou o que sentimos esperando uma melhor altura... 
Por vezes percebemos que a conversa que precisávamos fazer deixou de ter sentido... Por vezes percebemos que o cafézinho prometido nunca será tomado... Por vezes vemos que o encontro adiado se transformou irremediavelmente em desencontro... Por vezes percebemos que já não daremos o abraço que queríamos... Por vezes a melhor altura para dizer o que queríamos ou sentíamos nunca chegará... E tudo isto quando vemos aquilo que sempre fingíamos não ver... é que não temos todo o tempo do mundo.