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domingo, 30 de novembro de 2008

Eles





















(...) eles comem tudo, eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada(...)
José Afonso

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Eles não sonham

"(...)Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança."




António Gedeão, Poema "Pedra Filosofal in 'Movimento Perpétuo'



quinta-feira, 6 de novembro de 2008

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Carpinteiro








"Eu sou um carpinteiro cego, sem mãos. Vivi
sob as águas, alimentado pelo frio,
não construí as caixas aromáticas, as residências
que cedro a cedro erguem a grandeza,
mas o meu canto procurou os fios do bosque,
as fibras secretas, as ceras delicadas,
e corou ramos, perfumando
a solidão com lábios de madeira.

Amei todas as matérias, cada gota
de púrpura ou de metal, a água e a espiga,
e penetrei em espessas camadas protegidas
pelo espaço e a areia trémula,
até cantar com a boca destruída,
como um morto, nas uvas da terra.(...)"


Excerto do Poema "A linha de Madeira" in "Canto Geral" de Pablo Neruda

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Carta Aberta ao Primeiro Ministro

Exmo. Senhor Primeiro-Ministro
Engenheiro José Sócrates

Dirijo-me humildemente a Vossa Excelência para lhe expor uma situação que certamente terá a sua compreensão. Mas antes peço-lhe desculpa por o estar a importunar... Sei que tem muitas preocupações e é uma pessoa muito ocupada com problemas muito importantes que não estão ao alcance do comum dos mortais. Não quero, sinceramente, perturbar o seu trabalho nem a sua concentração na resolução desses problemas com as bolsas, os off-shore e essas coisas todas.
Mas é que eu ouvi nas noticias que Vossa Excelência iria apoiar com uns 20 mil milhões de euros os bancos por causa dos "produtos financeiros tóxicos" com os quais os Srs. banqueiros terão ficado intoxicados...
E eu pensei que Vossa Excelência poderia dar alguma atenção à situação que eu lhe queria expor e que tem também haver com intoxicação financeira que me foi causada por aumentos de produtos como a luz, o passe dos transportes, os combustíveis, as taxas de juro, o leite, o pão, as batatas e outros que eu não refiro para não o ocupar mais... Mas referir-lhe ainda que eu tive aumentos nos últimos anos bem inferiores ao aumento dos lucros dos bancos... e que eu já me contentava com meia dúzia de centenas de euros!
Grato pela sua atenção.

Sem outro assunto envio a Vossa Excelência os meus sinceros cumprimentos


segunda-feira, 3 de novembro de 2008

"Cavalo à solta"

"Minha laranja amarga e doce
meu poema
feito de gomos de saudade
minha pena
pesada e leve
secreta e pura
minha passagem para o breve breve
instante da loucura.

Minha ousadia
meu galope
minha rédea
meu potro doido
minha chama
minha réstia
de luz intensa
de voz aberta
minha denúncia do que pensa
do que sente a gente certa.

Em ti respiro
em ti eu provo
por ti consigo
esta força que de novo
em ti persigo
em ti percorro
cavalo à solta
pela margem do teu corpo.

Minha alegria
minha amargura
minha coragem de correr contra a ternura.

Por isso digo
canção castigo
amêndoa travo corpo alma amante amigo
por isso canto
por isso digo
alpendre casa cama arca do meu trigo.

Meu desafio
minha aventura
minha coragem de correr contra a ternura."

Poema de Ary dos Santos
Musica de Fernando Tordo