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quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Carpinteiro








"Eu sou um carpinteiro cego, sem mãos. Vivi
sob as águas, alimentado pelo frio,
não construí as caixas aromáticas, as residências
que cedro a cedro erguem a grandeza,
mas o meu canto procurou os fios do bosque,
as fibras secretas, as ceras delicadas,
e corou ramos, perfumando
a solidão com lábios de madeira.

Amei todas as matérias, cada gota
de púrpura ou de metal, a água e a espiga,
e penetrei em espessas camadas protegidas
pelo espaço e a areia trémula,
até cantar com a boca destruída,
como um morto, nas uvas da terra.(...)"


Excerto do Poema "A linha de Madeira" in "Canto Geral" de Pablo Neruda

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