
Quadro "Operários"
Pintura de Tarsila do Amaral
(...) Esta é a imagem real da globalização que vivemos em todos os continentes. E hoje a situação está a piorar. A comunidade internacional vive as consequências da crise capitalista que atingiu os Estados Unidos e que atinge os países da União Europeia e de todo o mundo capitalista. Os números são assustadores e falam por si mesmos. Apenas num mês, 380 mil trabalhadores e desempregados dos Estados Unidos ficaram sem as suas casas por não poderem pagar os empréstimos que tinham pedido aos bancos. Calcula-se que, em 2009, 750 bancos e companhias seguradoras vão encerrar nos Estados Unidos. A indústria automóvel e metalúrgica está em colapso. Confrontados com esta situação os EUA e a União Europeia decidiram destinar a quantia de 7 mil milhões de euros para a “salvação” tal como eles lhe chamam, dos bancos e do sistema. Por outras palavras, para salvar os culpados, dão-lhes fundos públicos que deveriam destinar-se a necessidades sociais urgentes, melhores salários e melhores condições de vida para os mais necessitados. Os governos recebem dinheiro dos impostos à custa da população e oferecem-no à indústria automóvel e aos bancos. Isto confirma que em períodos de crise o capital se torna ainda mais agressivo.(...)
(...)Em 1847 Karl Marx falou e escreveu sobre as crises do sistema capitalista. Sublinhou que são inevitáveis, cíclicas e repetitivas. Enquanto a riqueza se concentrar nas mãos de uns poucos e a pobreza for para a maioria, as crises serão mais profundas e duras!(...)"
George Mavrikos, Secretário-Geral da FSM (Federação Sindical Mundial) – Excerto do discurso no Simpósio Sindical Internacional 15 e 16 de Dezembro de 2008 em Lisboa.
Álvaro Cunhal, Obras escolhidas, tomo II – Nos 200 anos do nascimento de Charles Darwin e no 150º Aniversário da publicação de “A Origem das Espécies”
"Vê se pões a gargantilha
Porque amanhã é domingo
E eu quero que o povo note
A maneira como brilha
No bico do teu decote
E se alguém perguntar
Dizes que eu a comprei
Ninguém precisa saber
Que foi por ti que a roubei
E se alguém desconfiar
Porque não tenho um tostão
Dizes que é uma vulgar
Jóia de imitação
Nunca fui grande ladrão
Nunca dei golpe perfeito
Acho que foi a paixão
Que me aguçou o jeito
Por isso põe a gargantilha
Porque amanhã é domingo
E eu quero que o povo note
A maneira como brilha
No bico do teu decote"
Carlos Tê/ Rui Veloso
Isto a propósito de mais um saque aos dinheiros públicos Norte-Americanos, que são originários dos impostos dos trabalhadores daquele País (convém lembrar), para financiar a AIG de forma a esta conseguir pagar os bónus a cada um dos administradores no valor de 126.000.000,00€ (126 milhões de euro). Estes bónus definidos pelos administradores e que visam premiar o facto de os próprios terem levado a empresa à falência (só salva pelos milhões que a Reserva Federal injectou na empresa). Os responsáveis políticos da Reserva Federal e da Casa Branca dizem que têm de pagar senão as futuras indemnizações serão bem piores!
Isto deixa-me algumas perguntas que não são respondidas nas noticias da comunicação social nem tanto quanto eu saiba pelos responsáveis agora enojados e que são:
Quem fez a legislação que permite que administradores se bonifiquem a eles próprios?
Quem não criou mecanismos que possibilitem a tomada de medidas por parte dos poderes públicos que impeçam este saque?
Quem legislou no sentido de dar às seguradoras os fundos de pensões ao invés de ter um sistema de segurança social público (com o argumento que o Estado não consegue financiar a segurança social, afinal consegue sacar milhões aos contribuintes para pagar os desmandos e os saques destes senhores)?
A resposta é simples: foram os responsáveis políticos da Reserva Federal e da Casa Branca que agora se dizem enojados!!! Mas, apesar de estarem enojados (irão tomar um remédio para o estomago e ficarão certamente melhores e prontos para beber mais um whisky enquanto argumentam sobre “as maravilhas” do sistema).
"Se ficasses para sempre
nos olhos que em ti medi
naquele balouçar de vestal e puta eternamente
serias o sonho prolongado
que não há.
Mas os anos amiga
os anos que passaram
fizeram de borracha a tua pele
e o desespero das rugas
enfeitou o teu rosto
num rasgo de ti mesma.
E desdobras-te em cascatas de gestos
em busca do que foste
sem saber
E há qualquer coisa de injusto em tudo isto
porque os meus olhos são da mesma idade
E o tempo
esse carrasco lento
fez de nós uma referência
uma memória esconsa do que fomos
e hoje são, talvez, as tuas filhas
quem desdobrou de ti o alçamento,
a graça de garça
e o altar de espanto.
Mas tu amiga,
aqueles teus seios de mármore
que mordi minha amante
esses roubaram-nos de inveja
o tempo e a lonjura
por isso recuso ver-te hoje
sem ser nessa memória.
Dizem que é assim,
isto de viver...
Mas há tudo de cru, injusto e triste
nessa amargura
porque a beleza extrema
nunca houvera de morrer
E o tanto que me estrago
a mim, não magoa
que eu nunca contei muito
para o belo que me deste.
Sempre vou ser isto
mais coisa menos coisa
cada vez mais velho e mais agreste.
Mas tu...
Tu tinhas direito à eternidade
o teu rosto, o teu corpo, as tuas mãos
moram para mim, ainda e sempre, na ideia em que te guardo.
E há qualquer coisa de injusto em tudo isto
porque os meus olhos são da mesma idade."
Pedro Barroso